Entrevistas com Gilberto Mendonça Teles

 

ENTREVISTA CONCEDIDA A CAROLINA MELO SOBRE O CENTRO DE ESTUDOS BRASILEIROS DA UFG 

Rio de Janeiro, 22. 02. 2019

 

 

 1. Professor, sabemos que a criação e constituição do CEB se deu em 1962 e 1963. Ou seja, estamos falando dos antecedentes do Golpe de 1964. Qual era o clima na UFG nos antecedentes ao golpe? Vocês sentiam o que estava por vir? Ou, na verdade, não tinham noção do cenário iminente?


1.1 Já falei várias vezes sobre o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás (CEB-UFG), por isto prefiro inicialmente destacar as seguintes entrevistas que

constituem, digamos, as principais fontes pós-primárias da história dessa instituição que
marcou os tempos de uma revolução cultural que passou quase desconhecida dos goianos. Pelas circunstâncias de ter sido atiginda pelo Golpe Militar, tornou-se imediatamente uma espécie de tabu nas medrosas discussões acadêmicas dentro e fora da UFG. Houve um medo geral de falar do CEB e mais ainda de tentar compreendê-lo. Houve professor que começou a esconder a sua relação com o CEB. A ignorância da intelectualidade goianiense na época preferiu o silêncio que foi criando o mito, gerando-se uma narrativa que ninguém teve coragem de comprovar nos arquivos da UFG. Aproveito esta entrevista para fundar e constituir uma possível ​Fortuna Crítica de caráter pessoal do que foi a melhor experiência de renovação cultural universitária no Brasil Central. Peço licença à entrevistadora para sugerir, de início, a constituição de um ​Banco de dados ​, a partir dos textos abaixo, sem olvidar as notícias divulgadas pelos jornais de Goiânia e Brasília que ainda dormem nos meus arquivos pessoais.  Temos assim:

 

a) Gilberto Mendonça Teles ​et alii ​. “O Sentido Revolucionário do Centro de Estudos Brasileiro” [pp. 9 a 20] em ​Cadernos de Estudos Brasileiros ​. Goiânia: Imprensa Universitária da UFG, nº 1, outubro de 1963, 176 pp.


b) “Entrevista de Gilberto Mendonça Teles sobre o CEB da UFG a Simone Aparecida Borges”, Mestranda de Historia da UFG sobre o “Centro de Estudos Brasileiros da UFG”, em 21 de julho de 2006. Inédita. Cf. item c).


c) In Memoriam de Agostinho da Silva – ​100 ano, 150 nomes. Org. de Renato Epifânio, Romana Valente e Amon Pinho Davi. Lisboa: Editora Zéfiro, 2006. [476 pp.]. Aí se lê, na p. 153 a “Entrevista de Gilberto Mendonça Teles a Simone Aparecida Borges”, Mestranda de História na UFG. Goiânia, 22 de julho de 2006.

 

d) Agostinho da Silva Pensador do Mundo a Haver. Actas do Congresso Internacional do Centenário de Agostinho da Silva, 16-17 de Novembro de 2006. Lisboa: Editora Zéfiro, 2007. Aí está o estudo de Gilberto Mendonça Teles :“A Filosofia de Agostinho da Silva na Criação dos Centros de Estudos no Brasil”, conferência na Université Charles De Gaule, em Lille, França, em 24. 11. 2006, [531 pp.]


e) Presença de Agostinho da Silva no Brasil. ​Org. de Amândio Slva e Pedro Agostinho. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, Ministério da Cultura, 2007. [“Centro de Estudos Brasileiros”, transcrição de parte da introdução publicada nos ​Cadernos de Estudos Brasileiros ​, Cf. item a), supra.], 400 pp.


f) Entrevista de Gilberto Mendonça Teles ao Prof. Wolney Unes, sobre o “Centro de Estudos Brasileiros”, publicada na ​Revista UFG,​ nº 6, Junho 2009​.​[222-238 pp.]


g) Entrevista de Gilberto Mendonça Teles ao Prof. Gabriel de Paula sobre o CEB da UFG, em ​8 de dezembro de 2017, ainda inédita.


h) Entrevista à jornalista ​ Carolina Melo, UFG, em 22. 02. 2019.

 

1.2 Retomo agora às questões formuladas no item 1. Em torno de 2001 - 2003, a Universidade Federal de Goiás vivia a ambiguidade de um clima festivo: por um lado, a euforia da criação da Universidade, com a renovação das Faculdades e a inovação criadora de um Centro de Estudos Brasileiros para conhecer melhor o Brasil. O entusiasmo maior do Reitor Colemar Natal e Silva organizou uma Semana de Planejamento da UFG para a qual trouxe como conferencista famosos professores que atuavam no Conselho Federal de Educação (ainda em Brasília) e na recém-fundada Universidade de Brasília [UnB], entre os quais o filósofo português Agostinho da Silva. Dentro dessa esfera de intensa satisfação, de esperança num futuro melhor para Goiás, ninguém pensaria – imagino eu ainda hoje – numa reversão que acabou marcando negativamente a fundação da nossa Universidade. Mas se por um lado havia uma incontestável alegria de esperança, começava a aparecer, por outro lado, o ciúme, a inveja, o desejo da competição, a vaidade, que, dentro da própria Universidade foi-se formando, principalmente quando perceberam que o nome do Reitor Colemar Natal e Silva foi adquirindo importância, chegando-se a falar na sua possível indicação para Ministro da Educação e Cultura. Foi por aí, em torno do Diretor da Faculdade de Direito, o paulista Prof. Romeu Pires de Campos Barros, que se foi articulando um pólo de oposição, discutindo-se as renovações do Reitor Colemar e, com mais força, contra a ideia genuína do Centro de Estudos Brasileiros, que, no entanto, aprovaram no Conselho Universitário, tendo sido depois levado por mim ao Conselho Federal de Educação, no Rio de Janeiro...

                                                                                       

Continue lendo esta entrevista aqui 

Outras entrevistas com Gilberto Mendonça Teles sobre o CEB aqui e aqui.