Instituto Superior de Estudos Brasileiros-ISEB

 

 

O ISEB foi uma Instituição cultural criada em julho de 1955, como órgão do Ministério da Educação e Cultura. Gozando de autonomia administrativa e de plena liberdade de pesquisa, de opinião e de cátedra, destinava-se ao estudo, ao ensino e à divulgação das ciências sociais, cujos dados e categorias seriam aplicados à análise e à compreensão crítica da realidade brasileira e à elaboração de instrumentos teóricos que permitissem o incentivo e a promoção do desenvolvimento nacional.

Para alcançar seus objetivos, o ISEB instituiu um curso regular com a duração de um ano letivo, ministrado a alunos indicados por órgãos do serviço público, do Poder Judiciário, das casas do Congresso e das forças armadas, por autarquias e fundações, órgãos paraestatais, institutos universitários e entidades culturais, sindicatos e associações de classe, partidos políticos e imprensa, além de alunos representantes dos estados da Federação. Para ser aceito nesse curso, o candidato deveria ocupar uma posição no serviço público ou no setor privado que implicasse sua participação no estudo dos problemas nacionais e no planejamento ou na execução das respectivas soluções.

O curso regular compreendia os departamentos de economia, sociologia, política, filosofia e história. Além do curso regular, eram também ministrados cursos extraordinários. 

 

Ideologia

 

O ISEB foi um dos núcleos mais importantes de elaboração da ideologia “nacional-desenvolvimentista” que impregnou todo o sistema político brasileiro desde a morte de Getúlio Vargas, em 1954, até a queda de João Goulart, em 1964. A difusão dessa ideologia — formulada principalmente por Hélio Jaguaribe, Cândido Mendes de Almeida, Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto, Roland Corbisier e Nélson Werneck Sodré — foi feita não só através de cursos e conferências, como através da publicação de livros por uma editora própria.

A despeito da heterogeneidade das posições pessoais, os intelectuais que integravam o ISEB procuraram formular um projeto de desenvolvimento capitalista para o Brasil.

Nesse projeto, o desenvolvimento era entendido como a condição de superação da estrutura colonial ou subdesenvolvida, alcançável somente através da industrialização crescente do país. A política de desenvolvimento só comportaria uma opção, a nacionalista, única capaz de conduzir à emancipação e à plena soberania.  Veja mais aqui e aqui.

 

 

Artigo: Iseb, uma escola de governo: desenvolvimentismo e a formação de técnicos e dirigentes

 

O artigo apresenta uma investigação da atuação do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) como instituição federal de ensino e pesquisa com base no conceito de desenvolvimentismo da área de história do pensamento econômico brasileiro (HPEB). O desenvolvimentismo é o fio condutor para a investigação historiográfica utilizada nessa pesquisa. O ISEB atuou como uma escola de governo que, através do seu Curso Regular, formou técnicos e dirigentes em nível de pós-graduação, e produziu pesquisas que embasaram políticas públicas. Técnicos e dirigentes era a designação dada aos gestores públicos na época. As proposições do Iseb fazem parte da tradição do pensamento social crítico brasileiro e influenciaram a administração pública, tanto na formação de profissionais quanto nas decisões de dirigentes. Destarte, o Iseb está inserido na história da educação em administração e o resgate de sua atuação como uma escola de governo, que atuou de forma autônoma e independente, pode colaborar para a discussão atual - e perene - sobre o papel do Estado e, em particular, do administrador público.

 

 

Artigo: O ISEB - a Intelligentsia Brasileira a serviço do nacional-desenvolvimentismo na década de 1950

 

O artigo se propõe a realizar uma análise histórica do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) como Instituto é marcado pela construção da ideologia Nacional-Desenvolvimentista, ideologia esta que  perpassa  por  toda  a  política  de  desenvolvimento  brasileiro  nos  anos 1950. Esta forma de pensar e compreender o Brasil só foi possível devido à  heterogeneidade  das  correntes  de  pensamento  dentro  deste  Instituto. Heterogeneidade  esta  que  foi  perdida  após  a  crise  do  Nacional-Desenvolvimentismo dentro do ISEB, em finais de 1958 e início de 1959, devido a uma crise que foi provocada por uma disputa de “vaidades” e de orientação ideológica de dois membros fundadores do Instituto (Guerreiro Ramos  e  Helio  Jaguaribe),  que  redundou  no  desligamento  de  ambos  do ISEB. Com isso, a ala mais esquerdista do Instituto assume o comando das ações, o que posteriormente, com a vitória do golpe militar e a deposição do  presidente  João  Goulart,  faz  o  ISEB  ser  considerado  um  grupo  de esquerda  “subversiva”,  o  que  leva  à  sua  extinção  no  dia  13  de  abril  de 1964.

 

Artigo: ISEB - Instituto Superior de Estudos Brasileiros. “Educação ideológica” e o novo papel do Estado Capitalista no Brasil dos anos de 1950.

 

O trabalho parte da hipótese de que a criação do ISEB, bem como o inusitado papel por ele desempenhado como órgão ministerial, resultou das transformações presentes no novo bloco histórico brasileiro; via ISEB, o papel do Estado se ampliou, tendo em vista as novas estratégias organizativas de construção de consenso voltadas à consolidação da hegemonia burguesa no país. A questão que nos colocamos é compreender o inusitado papel do ISEB, no uso de estratégias educativas e formativas de natureza pós-universitária, voltadas à construção do consenso envolvendo a concepção, consolidação, divulgação e continuidade do projeto de desenvolvimento em curso naquele momento no país - o “nacional-desenvolvimentismo”. 

 

Resenha de Livro: Intelectuais e política no Brasil: a experiência do ISEB.

 

O livro é, sem sombra de dúvida, um trabalho de fôlego e muito relevante para a intelecção do tema que se anuncia como central. A obra apresenta duas partes principais. Na primeira (“Visões de ex-isebianos”), fundadores e outros integrantes do ISEB, que a ele se vincularam ao longo de sua trajetória, discorrem sobre a origem deste instituto — desde a publicação de artigos no suplemento cultural do Jornal do Commercio, prática iniciada em 24 de julho de 1949, passando pelo Grupo de Itatiaia, que adquiriu o formato institucional do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP), até a fundação do ISEB, em 1955 - suas fases, dissidências, complexidade teórica, ideológica e política, repertório temático, inserções nas políticas governamentais e projeto de fundo, o nacional-desenvolvimentismo.

 

Outras Obras ISEBianas

 

A produção teórica que aborda a existência do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) ainda é relativamente pequena; se a produção dos autores que compuseram o instituto (ou tiveram obras publicadas por este) é considerável, os estudos monográficos sobre ele ainda são escassos e alguns produzidos no exterior nunca foram traduzidos e publicados no Brasil. Dos trabalhos disponíveis, a maior parte deles ocupa-se primordialmente com o período inicial do Instituto (anos 1950) e trata um tanto lateralmente o período dos anos 1960.