Darcy Ribeiro
Antropólogo, educador e romancista, Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros (MG), em 26 de outubro de 1922 e faleceu em Brasília, DF, em 17 de fevereiro de 1997. Defensor da causa indígena e da educação pública e de qualidade, seus estudos publicados em vasta produção bibliográfica são centrais para o entendimento da cultura indígena e da formação do povo brasileiro. Entrou para a Academia Brasileira de Letras por suas contribuições literárias. Falar desse personagem implica necessariamente trazer à luz sua proliferação de ideias e o ímpeto para concretizar projetos, o que fez dele mais do que um intelectual, um realizador.
Entre 1957 e 1961, Ribeiro foi diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (MEC). Nesse período, participou das discussões sobre a criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1961. Nesse período também idealizou e concretizou, junto a Anísio Teixeira, a criação da Universidade de Brasília, de que foi o primeiro reitor.
Sua trajetória sempre esteve próxima às lideranças dos Governos, o que tornou inevitável seu ingresso na vida política: foi ministro da Educação e ministro-chefe da Casa Civil durante o governo de João Goulart; vice-governador do Rio de Janeiro em 1982, Secretário de Cultura e coordenador do Programa Especial de Educação; senador da República de 1991 até sua morte, em 1997.
A editora da UnB foi criada juntamente com a universidade em 1961, como um órgão complementar, que é considerada uma das primeiras editoras universitárias criadas no Brasil juntamente com a editora da Universidade de São Paulo (1962). Darcy Ribeiro protagonizava a missão da Universidade de Brasília como local para a pesquisa e o conhecimento do Brasil e para propor soluções para os nossos problemas sociais e o consequente desenvolvimento brasileiro.
O autor mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade do Uruguai, da Universidade da Venezuela e da Universidade de Brasília (1995).
Durante seu exílio em diversos países da América Latina atuou como pesquisador, professor e reformador de universidades. Nesse período, iniciou uma intensa produção de livros, o que o transformou em um dos imortais da Academia Brasileira de Letras, onde viria a ocupar a cadeira 11 em 1993. Nos últimos anos de vida surpreendeu com sua produção de poemas. Sua produção na área da educação e da cultura deixou marcas no país: criou universidades, centros culturais e uma nova proposta educativa com os Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, além de deixar inúmeras obras traduzidas para diversos idiomas.
Em 1996, criou a Fundação Darcy Ribeiro, que tem sede própria na cidade do Rio de Janeiro e mantém representação em Brasília, no Memorial Darcy Ribeiro, localizado no campus da UnB - Universidade de Brasília, onde abriga imenso acervo bibliográfico e documental, com destaque para a Biblioteca Básica Brasileira.
Livro América Latina: A Pátria Grande
Resumo: Primeiro volume da Coleção Biblioteca Básica Brasileira, América Latina: a Pátria Grande reúne textos originalmente publicados entre 1970 e 1980. Tempos de turbilhão, quando a imensa maioria dos países latino-americanos sufocava debaixo de ditaduras que implantaram, com sanha peculiar, o terrorismo de Estado. O que se destaca é o lado visionário desse apostador no impossível que foi Darcy Ribeiro, a lucidez de suas análises e a validade intocada de cada palavra escrita. Em vários aspectos, ao buscar respostas diante das provocações de sua época, o autor antecipou o que aconteceria futuramente em nossas paragens.
Livro Culturas e línguas indígenas do Brasil
Resumo: O estudo, publicado em 1957, examina o comportamento dos grupos indígenas brasileiros nos últimos cinquenta anos, quanto ao modo e ao ritmo de conservação, descaracterização ou desaparecimento de suas línguas e culturas, com o objetivo de formular as tarefas mais urgentes da Etnologia e da Linguística no Brasil.
Livro A Universidade necessária
Resumo: A universidade necessária é uma analise em profundidade das tentativas de reforma ou de adequação das estruturas universitárias às necessidades nacionais de humanização do nosso tempo. Darcy Ribeiro com minúcia e riqueza apresenta-nos um modelo teórico para uma universidade moderna que, pela sua estrutura e pelos seus objetivos, é - como bem expressou Anísio Teixeira - “a universidade das múltiplas e variadas culturas do mundo latino-americano, proposta à sua critica e constante reformulação, instrumento supremo de reavaliação do esforço nacional, tanto no campo cultural quanto no econômico".
Livro Teoria do Brasil
Resumo: Nesse livro, Darcy inicia uma etapa, em que passa a aplicar à realidade brasileira as categorias e conceitos novos construídos nas obras anteriores. Começa a explicar concretamente a complexa situação brasileira. Ao que nos parece, ocorre uma ruptura bastante clara com o cientificismo que marcava as obras daquele período. [...] A reflexão sobre nossa formação nos envia às nossas origens, à história que como brasileiros fomos construindo. A realidade com a qual nos deparamos traz reflexões e pontos de vista oriundos de outros contextos que, para a nossa formação histórica, não são suficientes para nos explicar como povo. Dentro desse desafio de nos tornar explicáveis Darcy Ribeiro propõe um conjunto teórico a partir do nosso contexto histórico.
Livro O dilema da América Latina
Resumo: À luz de uma unificação mundial cada vez mais próxima, ela destaca dramaticamente a polarização do mundo americano em duas vastas áreas cujo antagonismo Hegel já havia previsto em seu ensaio sobre a filosofia da história. As inúmeras formas de pressão que a América do Norte exerce sobre a América Latina fortalecem um sistema de dominação cada vez maior, que se expressa -síndrome de sua gravidade-, desde dentro de nossas sociedades: os quadros dirigentes das grandes corporações, suas equipes de gestão Nativos e seus agentes diplomáticos constituem, como elites dirigentes "invisíveis", a classe mais influente na estrutura das sociedades latino-americanas. Dada a natureza integrada desse sistema de dominação, Darcy Riveiro propõe a elucidação dos fatores que atuam a favor do nosso desenvolvimento autônomo, ao mesmo tempo em que destaca os elementos que a América do Norte possui para congelar nossa dependência e produzir o subdesenvolvimento. O dilema da América Latina se dedica a desvendar o caráter do subdesenvolvimento em que estamos submersos, de nossa dependência da América do Norte e, da mesma forma, a análise das lutas que se travam no continente entre as estruturas de poder que sustentam a ordem social e as forças virtualmente insurgentes tentando sua transformação.
Livro O povo brasileiro
Resumo: Por que o Brasil ainda não deu certo? Quando chegou ao exílio no Uruguai, em abril de 1964, Darcy Ribeiro quis responder a essa pergunta na forma de um livro-painel sobre a formação do povo brasileiro e sobre as configurações que ele foi tomando ao longo dos séculos. A resposta veio com este que é o seu livro mais ambicioso. No estudo, ele defendeu a miscigenação como fator preponderante da diversidade que caracteriza o Brasil. Ele categorizou essas matrizes formativas em 5 tipos:
- O Brasil sertanejo;
- O Brasil crioulo;
- O Brasil caboclo;
- O Brasil caipira;
- O Brasil sulino.
Essa fusão biológica e cultural teria se iniciado logo que os primeiros portugueses desembarcaram na América, e a gestação étnica do brasileiro se prolongou por todo o período colonial (1530-1815). Trata-se de uma tentativa de tornar compreensível, por meio de uma explanação histórico-antropológica, como os brasileiros se vieram fazendo a si mesmos para serem o que hoje somos. Uma nova Roma, lavada em sangue negro e sangue índio, destinada a criar uma esplêndida civilização, mestiça e tropical, mais alegre, porque mais sofrida e melhor, porque assentada na mais bela província da Terra.
Livro A Fundação do Brasil
Resumo: A obra é composta de três partes complementares: um ensaio introdutório escrito por Darcy Ribeiro, uma seleção de textos anotada por Carlos de Araújo Moreira Neto, acompanhado de didático sincronótico feito por Gisele Jacon. Em conjunto, o livro representa um esforço para inovar tanto em termos interpretativos quanto documentais, extraindo do mesmismo que tem caracterizado as repetidas investidas nesta área. Darcy Ribeiro orienta a lógica do conjunto textual através de sua escrita intimista e contundente. Trata-se de uma proposta personalizada, conduzida na primeira pessoa (do singular algumas vezes, do plural outras), mesclando um certo humor com a dose de tragédia contida no teor da História. Trocando a leitura histórica pela antropológica e, no mesmo impulso, deixando o lugar-comum em favor de uma reorientação nos critérios de seleção, o ensaio introdutório costura o relacionamento da documentação centenária com o produto histórico, atual, vivo.
Ensaios
Resumo: Ensaios insólitos. Ensaios irônicos. Ensaios profundos. Ensaios desaforados. Ensaios brilhantes. Ensaios corajosos. Enfim, ensaios que são a cara de Darcy Ribeiro. Este o conteúdo do livro que você, leitor, tem nas mãos. Precioso, informativo, com muita matéria para incitar seus pensamentos. São textos irônicos, inteligentes, desaforados até. Escritos ou falados em ocasiões diversas e até em países diferentes, os textos aqui reunidos têm uma linha comum clara: o amor à Pátria Latino-americana e aos povos que por aqui já viviam quando chegou a invasão colonialista europeia. Soy loco por ti America poderia ser o subtítulo do livro.
Romances
Maíra
O Mulo
Utopia Selvagem
Migo
Produções sobre o autor:
Para concretizar o propósito de organizar uma coleção de livros sobre educadores e pensadores da educação, o Ministério da Educação instituiu Comissão Técnica em 2006, composta por representantes do MEC, de instituições educacionais, de universidades e da Unesco que, após longas reuniões, chegou a uma lista de trinta brasileiros e trinta estrangeiros, cuja escolha teve por critérios o reconhecimento histórico e o alcance de suas reflexões e contribuições para o avanço da educação. Darcy Ribeiro foi um desses pensadores. Na esteira desse trabalho o MEC, em parceria com a Unesco e a Fundação Joaquim Nabuco, organizou o livro