Milton Santos
Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, Bahia, no ano de 1926 e faleceu em 2001. Bacharel em direito pela UFBA, diplomado, não chegou a exercer a profissão. Geógrafo, prestou concurso público para professor secundário e foi lecionar Geografia em Ilhéus. Doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo e professor visitante em Stanford, atuava como consultor da ONU, da OIT, da OEA e da Unesco. Estudou e ministrou aulas na Europa, Américas e África. Foi professor das universidades de Paris, Columbia, Toronto e Dar Assalaam (Tanzânia). Publicou mais de 40 livros e 300 artigos. Seus esforços foram dedicados a dissecar a globalização da economia, enfatizando seu efeito devastador no Brasil, e propor uma outra globalização possível, apresentando saídas para que a população pobre não seja mais parte desse jogo apenas como vítima. Foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber o que pode ser considerado o Nobel da Geografia pelo conjunto de sua obra: o prêmio Vautrin Lud, em 1994, quando foi descoberto pelo público brasileiro.
Veja o currículo completo de Milton Santos aqui.
Conheça também o site feito e mantido pela família de Milton Santos. O objetivo é reunir informações e materiais que possam ser úteis a todos aqueles que se interessem por sua obra.
Livro: Território, territórios, ensaios sobre o ordenamento territorial
Resumo:
Este livro reúne textos escritos pelos professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (PPGEO/UFF). Estruturada em três partes, a primeira, “Território, espaço e ordem”, dá conta de pressupostos teóricos gerais envolvendo noções como território, espaço, desterritorialização, contraespaço, representação e poder. A segunda, “O ordenamento territorial urbano”, focaliza o espaço urbano e o agrário, tratando de assuntos como urbanização, cidadania, associativismo de bairro e favelas. Na terceira, “O ordenamento territorial ambiental”, os temas abordados são a gestão de espaços, o desenvolvimento sustentável e as bacias fluviais em áreas de usinas hidrelétricas e lagos de barragem. Talvez sua maior contribuição inscreva-se no reconhecimento de que o território é um componente indissociável de todos os processos sociais e, também, o caráter uno-múltiplo da especificidade das problemáticas que ele expressa.
Livro: A urbanização brasileira
Resumo:
Nesta obra Milton Santos analisa e discute as características do crescimento urbano brasileiro tendo como foco os processos sociais econômicos e territoriais. Aborda a desmetropolização das cidades brasileiras em oposição ao fenômeno de metropolização dominante até meados dos anos 80, responsável pela fragmentação territorial. Devido às mudanças decorrentes desse processo é necessário propor uma teoria de urbanização brasileira como processo, forma e conteúdo. O autor problematiza algumas questões tais como: a sobrevivência da maioria dos brasileiros na cidade; a distribuição das pessoas segundo as classes sociais e os níveis de renda; habitação, mobilidade, educação, saúde, lazer e seguridade social; a definição dos lugares sociais na cidade, o centro, a periferia, a deteriorização crescente das condições de existências.
Livro: A natureza do espaço: técnica, razão e emoção
Resumo:
Nesta obra o autor discute o conceito de espaço geográfico, associando-o à evolução das técnicas e às noções de objeto e de ação, compreendidos enquanto sistemas e analisados desta maneira. Assim, Milton Santos percorre as três etapas do meio geógráfico: inicialmente o meio natural, quando não havia expressivas transformações humanas; posterior à invenção e ao uso das máquinas, o meio técnico; e, por fim, chega-se ao meio técnico-científico informacional, iniciado após a Segunda Guerra Mundial e consolidado no decênio de 1970. Ademais, são abordados diversos assuntos, tais como o crescimento das redes geográficas, o acirramento do processo de globalização, o qual estreita os liames entre locais distintos, interferindo em diversos fenômenos, como a divisão internacional do trabalho, o processo produtivo, a guerra dos lugares, entre outros.
Livro: Território – globalização e fragmentação
Resumo:
Esta é uma coletânea organizada por Milton Santos, Maria Adélia A. de Souza e Maria Laura Silveira, com artigos oriundos de exposições realizadas durante o seminário internacional “O novo mapa do mundo”, promovido pela Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional e pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, no ano de 2003. Trata-se de um esforço de repensar o território nos dias da globalização, em face das premissas que afirmam a imaterialidade como dado fundamental da fluidez de nosso tempo, a fragmentação como única nova realidade do território, a redução do espaço ao tempo. A obra defente que estaríamos, hoje, perante uma dialética do território, das geografias das desigualdades produzidas pelo sistema-mundo, exprimindo o conflito entre o global e o local e, por isso, é possível reconhecer novos recortes: as horizontalidades, as verticalidades, o espaço banal e o espaço das redes.
Artigo: A questão do meio ambiente: desafios para a construção de uma perspectiva transdisciplinar
Resumo
O tema proposto para o debate nos desafia a refletir, de imediato, sobre duas questões polêmicas que, hoje, preocupam as comunidades científicas: o problema da interdisciplinaridade e a questão do meio ambiente. O grande desenvolvimento das diferentes ciências particulares, durante o século passado e este, contribuiu para grandes avanços científicos e tecnológicos, mas, também, levou a uma extrema especialização do saber, cuja consequência é, frequentemente, o próprio comprometimento do entendimento do mundo. A denominada crise ambiental padece dessa situação e deve suscitar uma revisão das teorias e práticas das diferentes disciplinas na medida em que demanda uma análise compreensiva, totalizante, através de um legítimo trabalho interdisciplinar.
Artigo: A redescoberta da natureza
Resumo
Com a presença do homem sobre a Terra, a natureza está, sempre, sendo redescoberta, com a criação da natureza social. É a história de uma ruptura progressiva entre o homem e o entorno, acelerada pela mecanização. Com a globalização da economia, da política e da cultura, não há mais relações totalizantes entre a sociedade e o meio. A questão do meio ambiente é um aspecto dessa evolução e reclama um estudo abrangente, para permitir uma correta interpretação. Para alcançar essa interpretação, Milton Santos alerta que a universidade deve fugir dos raciocínios técnicos e conformistas e enfrentar o entendimento do mundo como um todo.
Artigo: Sociedade e espaço - a formação social como teoria e como método
Resumo:
Milton Santos apresenta a categoria de Formação Econômica e Social (FES) como a mais adequada para auxiliar a formação de uma teoria válida do espaço. Esta categoria diz respeito à evolução diferencial das sociedades, no seu quadro próprio e em relação com as forças externas de onde mais frequentemente lhes provém o impulso. A base mesma da explicação é a produção, isto é, o trabalho do homem para transformar, segundo leis historicamente determinadas, o espaço. A noção de FES é indissociável do concreto representado por uma sociedade historicamente determinada.
Resumo:
Discute-se neste trabalho a existência, nas cidades de países subdesenvolvidos, de dois sistemas de fluxo económico, aqui denominados de inferior e superior. Cada qual se apresenta como subsistema do sistema global que acidade representa. Sua existência está condicionada ao mesmo grupo de fatores, chamado modernização tecnológica. Esta modernização contemporânea tende a gerar nos países do Terceiro Mundo um número limitado de empregos, já que as indústrias estabelecidas representam “capital intensivo”. Nas cidades de países subdesenvolvidos o mercado de trabalho se deteriora. O acesso aos bens e serviços oferecidos varia qualitativa e quantitativamente, diferenças nos níveis salariais justificam a variação. Estas diferenças são causa e efeito da existência de dois sistemas de fluxo que afetam a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
Manifesto: O papel ativo da Geografia
Resumo:
O papel ativo da Geografia na Academia, no Planejamento e como uma ferramenta para a construção da cidadania é discutido neste Manifesto. O autor, partindo do espaço enquanto a categoria científica central da disciplina, propõe uma concepção que engloba tanto o papel ativo do espaço como ator, quanto seu papel como objeto de ação. Somente através da adoção dessa perspectiva é que os geógrafos abordarão efetivamente as questões significativas que a sociedade enfrenta atualmente.
Matéria em Jornal: Da Cultura à Indústria Cultural
Resumo:
O conceito de Cultura está intimamente ligado às expressões de autenticidade, da integridade e da liberdade. Deformar uma cultura é uma maneira de abrir a porta para o enraizaento de novas necessidades e a criação de novos gostos e hábitos. A indústria Cultural, por estar umbilicalmente ligada ao mercado, tende, em nossos dias, a ser cada vez menos local, regional e nacional. Nessas condições, é frequente que as manifestações genuínas da cultura sejam deixadas de lado ou tenham que se adaptar a um gosto gosto duvidoso, dito cosmopolita. Esta é a pauta de discussão de um pequeno texto apresentado por Milton Santos e publicada no Mais! na seção "Brasil 500 d.C.". Veja as outras publicações aqui.
Documentário: O mundo global visto do lado de cá
Resumo:
Documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte. O cineasta conheceu Milton Santos em 1995, e desde então tinha planos para filmar o geógrafo. Os anos foram passando e, somente em 2001, Tendler realizou o que seria a última entrevista de Milton (que viria a morrer cinco meses depois). Baseado nesse primeiro ponto de partida o documentário procura explicar, ou até mesmo elucidar, essa tal Globalização da qual tanto ouvimos falar. O documentário percorre algumas trilhas desses caminhos apontados por Milton, vemos movimentos na Bolívia, na França, México e chegamos ao Brasil, na periferia de Brasília. Em Ceilândia, a câmera nos mostra pessoas dispostas a mudar as manchetes dos jornais que só falam da comunidade para retratar a violência local.
Entrevistas:
- Roda Viva 1997 -vídeo /-transcrição
- Entrevista concedida a Vera Maria de Carvalho (SBPC) e Vera Rita da Costa (Ciência Hoje/SP), 1998.
Escritos sobre Milton Santos:
O Pensamento Político Brasileiro - Milton Santos, o espaço da cidadania e outras reflexões
Resumo:
A coletânea reúne as obras de quinze personalidades que, por suas ideias, desenharam ou alteraram o cenário político brasileiro em sua época, contribuindo para a formação de uma sociedade mais participativa. A Fundação Ulysses Guimarães disponibiliza, então, por esta coletânea, textos originais que enfocam o pensamento de Milton Santos para que o leitor o interprete segundo sua própria convicção.
Milton Santos - a construção da geografia cidadã
Resumo:
Milton Santos foi o geógrafo que mais visibilidade deu à Geografia brasileira. Sua militância permanente em prol da cidadania e da ética extrapolou os muros acadêmicos. Produziu um obra numerosa e complexa, uma verdadeira teoria geográfica do espaço, que apresenta diferentes fases e faces e reclama ainda muita reflexão. O presente texto apresenta uma das muitas possibilidades de classificação de sua obra. Considera, para tanto, que seu pensamento e a organização de seu trabalho percorre dois caminhos básicos, desde o campo das reflexões filosóficas sobre a natureza do espaço geográfico, até trabalhos de natureza empírica, quando buscava a reconstrução intelectual do mundo a partir das experiências específicas, dando destaque à categoria lugar.
Vox: arte, cultura e ciência no Brasil.
Resumo:
Publicação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), a obra reúne a trajetória de vida de 52 personagens das diferentes áreas do conhecimento. Estes, por meio das suas ideias, teorias e práticas/ações, sonhos e realidades, tornaram-se vozes celebradas por suas relevantes contribuições à ciência, tecnologia, educação, arte e cultura, bem como para o conhecimento da história do país e de seus valores. Os textos elaborados em linguagem de acessível, são acompanhados de citações e caricaturas dos personagens, veja só o Miltinho.
