Carmo Bernardes

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Carmo Bernardes nasceu em Patos de Minas, estado de Minas Gerais, em 1915 e faleceu em Goiânia em 1996, aos 81 anos de idade. Residiu em Formosa, onde fez seus estudos. Em Anápolis, iniciou sua vida profissional como pedreiro e pintor, assim como redator de jornal. Trabalhou no serviço público. Dirigiu redações de jornais em Anápolis e Goiânia e dedicou-se às atividades ecológicas. Foi conselheiro da Fundação Cesar Baiocchi – Acqua Vitae (antiga Fundação Inca), representante ao I Encontro Nacional sobre a Proteção e Melhoria do Meio Ambiente e à I Conferência Nacional de Meio Ambiente. Contista, cronista, romancista, crítico de arte. Fez seu nome no cenário das letras de Goiás. Foi um dos maiores regionalistas goianos e um dos nomes mais expressivos da literatura sobre o Cerrado. A vida o coroou com o título de “Doutor do Cerrado”. Foi membro da Academia Goiana de Letras e recebeu prêmios internacionais de literatura.

   Recebeu uma Homenagem da Faculdade Araguaia, que deu seu nome a biblioteca. Também foi homenageado em Goiânia com o parque Carmo Bernardes. Saiba mais sobre o universo de Carmo Bernardes, neste artigo publicado no site Ermira - cultura, ideias e redemoinhos; e nesta matéria do Jornal Opção. Além disso, o Jornal O Popular, onde ele foi cronista por muitos anos, também trás a público um apanhado de falas coletadas em antigas entrevistas, veja aqui.

 

Livro: Jurubatuba

Resumo

   Este romance alia o rústico ao belo, o poético ao real, e funde com naturalidade o lírico e o épico. Alegre e atirado com as mulheres, protetor dos fracos e das crianças, esperto com os homens, mas ingênuo com a humanidade, o herói é um Quixote sertanejo. O relato de sua “provação” na fazenda Jurubatuba, repleto de lições sobre plantas, bichos e gente, tempera o fraseado erudito com o linguajar roceiro fluente e saboroso.

 

Livro: Quarto crescente

Resumo

   Neste livro de memórias, o escritor narra suas lembranças, tanto as da infância quanto as da vida adulta, e por intermédio dessas reminiscências vai tecendo, com a linguagem regionalista que domina com maestria, a singularidade dos modos de vida do homem do campo, em seus costumes, suas crenças, sua filosofia. Ainda discorre sobre as frutas do mato crioulo, o lugar de terra boa, fértil e de cultura. O autor enfoca o uso medicinal de certas plantas como a jurubeba, o pé de perdiz e a lobeira. Há descrições belíssimas, das matas antigas com suas árvores e suas sombras, as queimadas persistentes que a tudo destruíam, os angicos e aroeiras, os bichos e as águas.

 

Livro: Nunila - a Mestiça Mais Bonita do Sertão Brasileiro

Resumo

   Em Nunila, no pequeno arraial, Antonino é o estrangeiro, adequando-se às normas do lugar; torna-se um homem curioso, portanto, ainda não participante das tramas locais e, ao mesmo tempo, homem querido, à medida que vai conquistando as pessoas com as quais passa a conviver. A primeira impressão é aquela da vida de fronteira vivida por essas pessoas, no sentido de uma selvagem luta pela terra, que, no contexto vivido por Bernardes, quando da escrita de Nunila, era a pedra de toque da política, ou melhor, da falta de uma política nacional de ocupação de terras. A legalidade, nessas circunstâncias, servindo à expropriação e expulsão dos homens de terras que eram, imemorialmente, terras de suas famílias. Essa estranha situação configurada como trama de fundo do romance, aponta para a intenção bernardeana de problematizar a vida num país de grandes desigualdades sócio-políticas.

 

Livro: Memórias do Vento

Resumo

   Manuelino Braga é o jornalista urbano. O romance conta a sua história de chegar a Goiânia, tornar-se cronista, morar na periferia e viver um romance proibido com D. Vaninha, mulher casada e da elite. O que permanece no protagonista é o seu perfil político. Tal como suas identidades anteriores (em livros anteriores), ainda é aquele homem destinado à defesa dos fracos e oprimidos e à denúncia da exploração sobre a população pobre. Manuelino é cronista e observa a cidade: seus habitantes, suas mazelas, seu mundo transformado.

 

Livro: Idas e Vindas Contos e Causos

Resumo

   Tomé, o carreiro da fazenda de seu Quincas Brito, sai para caçar numa Quinta-feira Santa com seus cachorros e sofre azares por causa disto. Ele, morando de agregado de seu Quincas, era um que não tinha tempo de coçar pulga. Era o que dava o correr da semana labutando na sua obrigação de carreiro de fazenda. Só ia pra casa depois de escurecer, levando o ganho do dia: uma cumbuca de gordura, um celamim de sal, um prato de arroz, duas mãos cheias de feijão. Nos domingos e dias santos assobiava os cachorrinhos, ia pro mato caçar. Quando tudo corria bem, trazia paca ou tatu, furava alguma morada de abelha, e era quando os meninos forravam a barriga com uma comida de maior sustância. Mas, por serem a religião e a superstição interligadas no meio sertanejo, o protagonista de "Idas e vindas" admite ter sofrido azares por ter ido caçar numa Quinta-Feira Santa: ¨Só podia ser mesmo um castigo à sua falta de temor."

 

Livro: Perpetinha- um Drama nos Babaçais

Resumo

   A obra enfoca o drama dos índios com a chegada do homem branco, responsável pela exterminação de grupos inteiros, o papel dos bandeirantes e dos coronéis, tão presentes em Goiás" A narrativa dessas lutas - colocada na voz de outros enunciadores (personagens contadores de histórias), por muito cruéis e cruentas que sejam - se desenvolve de forma imparcial: o Autor, como um historiador isento, não toma partido, não bajula, nem condena; apenas retrata, impiedosamente é certo, mas com isenção.

 

Livro: Rememórias Volume I

Resumo

   As crônicas tomam como fontes principais, porque é nelas que o autor começou a expressar a leitura do mundo que o cercava: a vida cotidiana da nova capital goiana; os dramas e desafios vividos, por uma população que, à semelhança do autor, era originária do campo e, que nesse período, perdiam as condições de permanecer nas roças migrando continuamente rumo às cidades; a dificuldades vividas diariamente pela emergência da ditadura militar. São, ainda, um conjunto de crônicas com suporte histórico. Muitas crônicas são ainda de “rememórias”, apresentando uma leitura de passado em relação ao que experimentava naquele período. Essas crônicas não têm títulos. São numeradas e separadas pelos anos de suas publicações. Ao todo, são mais de 120 crônicas divididas entre os dois livros.

 

Livro: Rememórias - Volume II

Resumo

   Este livro reúne crónicas escritas pelo autor na Ilha do Bananal, onde se refugiou para não responder a um processo em que fora acusado de “subversivo”. Reflete nelas o quotidiano de Goiás. O livro também insere uma novela realista intitulada “Águas Vertentes”, dividida em 23 capítulos e voltada para uma tragédia familiar de inspiração rural. 

 

   Aproveite e conheça esta tese de doutorado, de Márcia Pereira dos Santos, da UNESP: Relembranças em Minguante: interpretação biográfica da Obra de Carmo Bernardes.