Barbara Weinstein
Barbara Weinstein é professora de história da América Latina e do Caribe na Universidade de Nova York. Seus interesses de pesquisa incluem raça, gênero, trabalho e economia política, especialmente em relação à produção do Brasil moderno. Suas publicações incluem The Amazon Rubber Boom, 1850-1920 (1983); Para a paz social no Brasil: os industriais e o refazer da classe trabalhadora em São Paulo (1996); e A cor da modernidade: São Paulo e a criação e a formação da Raça e da Nação no Brasil (2015), além de artigos. Confira abaixo.
Artigo: Sou ainda uma Brazilianist?
Resumo
Este artigo questiona a utilidade da categoria de "brasilianista". Esta expressão, uma verdadeira "etiqueta" para o estrangeiro que estuda Brasil, surgiu nos anos 1970, numa época de expansão dos estudos brasileiros nos Estados Unidos, a qual coincidiu com os "anos de chumbo", no Brasil. Por isso, o conceito nascido no contexto da Guerra Fria fatalmente invocava uma figura norte-americana com orientação política específica e cujas pesquisas levaram, em si, as marcas do seu ponto de origem. O argumento do artigo é que essa imagem do "brasilianista" talvez tenha tido certa utilidade naquela época, mas dos anos 1980 para frente, várias mudanças no mundo acadêmico, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, complicaram qualquer esforço para diferenciar a produção acadêmica segundo o "lugar" do pesquisador. Ao mesmo tempo, certos aspectos persistentes do mundo acadêmico, inclusive linguagem e público, continuavam criando ligeiras divisões entre os brasilianistas e os historiadores no Brasil.
Artigo: Pensando a história fora da nação: a historiografia da América Latina e o viés transnacional.
Resumo
Este ensaio examina a emergência da “virada transnacional” dentro da profissão de historiador a partir dos anos 1990. Defendo que os historiadores da América Latina desempenharam um papel central na mudança para abordagens transnacionais. Ansiosos para contestar as interpretações históricas que tratam da história da América Latina como uma ramificação econômica, iniciativas políticas e culturais norte-americanas, os latino-americanistas têm procurado elaborar perguntas que transcendam as fronteiras nacionais e demonstrem a circulação de mercadorias, ideias e instituições, tais como a formação global da classe média. A virada transnacional permitiu que historiadores da América Latina, com base na academia norte-americana, demonstrassem que os historiadores dos Estados Unidos precisam prestar atenção à produção de conhecimento sobre a América Latina. Diferente da história internacional, que incide sobre a interação entre as nações, a história transnacional enfatiza questões para as quais o país não é a principal arena de interação ou conflito. A história transnacional também tem iluminado os problemas da história comparativa, com sua tendência a comparar dois casos nacionais estáveis separadamente e a ignorar a circulação e a interação. No entanto, a intenção da história transnacional não é apagar a história nacional, mas complicá-la. E os intelectuais que dotam o viés transnacional precisam considerar as desvantagens de uma abordagem histórica que atenue as conexões nos estudos da América Latina, cuja principal referência analítica ainda é o contexto nacional.
Artigo: Experiência de pesquisa em uma região periférica: a Amazônia.
Resumo
Este artigo é um depoimento a respeito de uma pesquisa em história social, mais tarde transformada em livro, realizada na década de 1980, na Amazônia. O objeto de estudo era o ciclo da borracha, com ênfase nas relações de produção estabelecidas entre seringueiros, aviadores e 'barões da borracha'. A metodologia empregada utilizou como fonte principal diversos arquivos, entre eles revistas, jornais e outras publicações da época, assim como a análise de documentos depositados em cartórios de Belém. O projeto inseria-se no quadro teórico da discussão sobre a validade explicativa da teoria da dependência. O artigo aponta para algumas limitações da abordagem então adotada, sem contudo desdenhar o significado que o estudo assumiu no levantamento de questões relativas à resistência dos seringueiros com relação à exploração de seu trabalho e à existência de correntes de opinião contraditórias entre a própria elite da borracha.
Introdução: We Shall Be All - toward a transnational history of the middle class
Resumo
A introdução é uma contribuição de Barbara Weinstein para o livro The Making of the Middle Class:Toward a Transnational History de A. Ricardo López. A discussão gira em torno da consolidação de um "consenso da classe média". Esta ideia poderia se tornar um canal fundamental para prosperidade econômica global e estabilidade política, ressuscitando e modificando alguns dos principais argumentos da teoria da modernização dos anos 1950. Isto acabaria por legitimar a globalização e o neoliberalismo, cujos estudos e programas políticos propõem a criação de uma ‘‘ classe média global ’’.
Livro: The Color of Modernity:São Paulo and the Making of Race and Nation in Brazil.
Resumo
Nesta obra, a autora enfoca raça, gênero e regionalismo na formação de identidades nacionais no Brasil, foco que permite que ela explore como os padrões desiguais de desenvolvimento econômico são consolidados. Organizado em torno de dois episódios principais - a Revolução Constitucionalista de 1932 e o IV Centenário de 1954, o quadricentenário da fundação de São Paulo - este livro mostra como as elites e setores populares em São Paulo abraçaram uma identidade regional que enfatizou suas origens europeias e aptidão para a modernidade e o progresso, atributos que se tornaram, e permanecem, associados à "brancura". Esse regionalismo racializado naturalizou e reproduziu as desigualdades regionais, à medida que São Paulo se tornou sinônimo de prosperidade, enquanto o Nordeste do Brasil, uma região assolada pela seca e pela pobreza, passou a representar o atraso e o “Outro” racial de São Paulo. Essa visão das diferenças regionais, argumenta Weinstein, levou a políticas de desenvolvimento que exacerbaram essas desigualdades e impediram a democratização.
Resumo
Este livro é o primeiro grande estudo sobre industriais e política social na América Latina. Barbara Weinstein examina a vasta gama de programas patrocinados por uma nova geração de industriais brasileiros que procuravam impor à nação sua visão de uma sociedade racional, hierárquica e eficiente. Ela explora em detalhes duas agências nacionais fundadas na década de 1940 (SENAI e SESI) que colocavam programas de formação profissional e assistência social diretamente nas mãos de associações industriais. Weinstein também discute como homens e mulheres da classe trabalhadora brasileira receberam as atividades das agências, avaliando as motivações dos industriais.
Livro: The Amazon Rubber Boom, 1850-1920
Resumo
Se alguém quisesse ressuscitar a noção clichê da história econômica brasileira como uma série de ciclos de expansão e contração, o boom da borracha na Amazônia pareceria um excelente ponto de partida. A autora recapitula de que modo a produção de borracha na Amazônia "decolou" em resposta ao aumento da demanda estrangeira por borracha bruta em uma época em que a Amazônia era o único fornecedor mundial. A economia de exportação que resultou dessa confluência de forças econômicas e ambientais gerou um crescimento comercial e demográfico sem precedentes na região e transformou um remanso negligenciado em um dos centros de comércio mais promissores do Brasil. Então, no exato momento em que os preços da borracha silvestre se aproximavam de seu auge, a borracha de plantio da Ásia começou a aparecer no mercado mundial em grandes quantidades. Barbara discute como a economia regional quase entrou em colapso em poucos anos.
Entrevista: Barbara Weinstein e os Mundos do Trabalho na Amazônia
Resumo
Antônio Alexandre Cardoso entrevista Barbara Weinstein, tendo em conta sua grande contribuição para a temática amazônica e também sua extensa obra sobre História do Trabalho no Brasil. A entrevista compõe e contribui com o dossiê da Revista Mundos do Trabalho, cuja temática central é a História Social do Trabalho na Amazônia.
Entrevista: Canoa do Tempo.
Resumo
Luciana Brito e Luciano Costa entrevistam Barbara Weinstein para compor o dossiê “Teoria da História e História da Historiografia: debates e desafios do conhecimento histórico no século XXI”, organizado pela Revista A Canoa do Tempo – revista do Programa de Pos-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (PPGH/UFAM).